29 agosto, 2012
Bukowski Kiss
19 agosto, 2012
SONETO DO AMOR À VAIDADE
Antes era o começo da mudança
15 agosto, 2012
13 agosto, 2012
Isso me dá falta de ar!
Um mergulho na solidão e você já não é o mesmo.
Fortaleça seus pulmões, pois cada vez será necessário ir mais fundo. Até o dia em que não retornaremos à superfície.
Viver é a arte de esperar a morte sem temê-la, e aproveitar cada segundo enquanto a noite não chega, e beber cada gota de mel ofertado pela abelha rainha, e lembrar que somos feitos de carne, e sendo carne, invariavelmente feneceremos.
Um mergulho na solidão e você já não é o mesmo. Você é mais.
ÚLTIMO BEIJO
- Nunca mais me abandone daquele jeito.
E quando eu calei, o beijo não tinha mais gosto de soluço.
01 agosto, 2012
31 julho, 2012
Quando muito tempo
30 julho, 2012
Resto Manifesto
22 junho, 2012
20 junho, 2012
Como se fosse calar
23 maio, 2012
Entre ir e vir
como quem diz ao vento
vai
E eu fui embora
Roubar uns sentimentos
ai
Esse pedaço
de aço
quem vai esculpir
Meu coração
cimento
E Deus a dirigir
Eu disse: fique
longe. Não vou
desistir
E o dia
fez-se noite
Açoite
Deixa o mundo vir.
17 maio, 2012
Janela fechada
O caos terapêutico
Do lado de fora
Nada demais
O sol há de brilhar
sem que eu precise abrir as persianas
15 maio, 2012
De viver como autômato
Cada lugar uma história diferente
Cada dor, dói em lugares
que a gente nem lembra que sente
É duro levantar, andar, fazer coisas
Às vezes fica difícil até respirar
e caminhamos afogados pelas ruas
Ninguém conhece o amor
e passa por ele impunemente
A vida não prega peças
pois o palco é permanente
Cada lugar
uma história diferente
e em cada história
uma vida. Viva!
07 maio, 2012
Por todo chorar
21 dezembro, 2011
A Janela de Jéssica

Andava inquieta.
Há algum tempo não tocava na comida
não olhava nos olhos
nem lembrava de Deus.
De vez em quando,
quando a calma vinha,
conseguia olhar o sol
através da janela.
Mas só de pensar
em voar novamente
as asas lhe doíam.
Tanto tempo na gaiola
que o que sobrou
foi só o pássaro.
Jéssica não estava mais.
Só a Janela ficou
Suspensa na parede...
25 novembro, 2011
Sorte
24 outubro, 2011
Mariposa
Minha versão de segunda talvez seja a mais nua -
18 outubro, 2011
fino da taça
Esvaziar a cabeça das idéias
e dar espaço ao sentimento
ao cheiro do álcool
ao fino da bossa
andar de bicicleta
e pelada
e na chuva
e ganhar um beijo
molhado
roubado
trocado
um pouco estalado
pão e dor
verso de tambor
e sair por aí
a dançar
a dançar
e esquecer
apenas esquecer
que fui borboleta
neste imenso salão
fui apenas a borboleta
que você viu cair
morta
estendida no chão.
Uma taça de vinho,
chega pra lá meu bem...
01 junho, 2011
Sobre a arte do desapego
18 maio, 2011
Lágrimas no meio-fio

Lágrimas no meio-fio...
Vim bater aqui
na porta da tua casa
Escondida entre as árvores
pique-esconde de verdade
Lágrimas no meio-fio...
Te espero aqui
Com a boca entre os joelhos
que já foram teus
e que já foram meus
Lágrimas no meio-fio...
Escutando os passos
Não me escondo mais
O ranger de dentes
me entrega
Há gente na rua
01 abril, 2011
Abraça-me assim, até que eu não caiba mais em mim
02 janeiro, 2011
Do dia em que partimos em um barquinho de papelão...

E teve aquele encontro mágico
a grande noite dos olhos coloridos
Tal qual as três Marias, éramos um e mais
simbiose dos corpos e mentes
Nem chão nem céu, não havia limítes
A água invadia nossos sentidos
Acordamos pela manhã
Em um belo submarino amarelo
Viagem longa, os pés cansados
Nosso caminhar é diferente desde então
E devolvemos ao rio todos os peixinhos dourados
que trouxemos, nos bolsos, do ládo de lá...
29 dezembro, 2010
Tem sempre um tempo inverso
10 dezembro, 2010

Depois de toda a confusão histérica
que organizou -se em volta do corpo
ninguém viu passar a mulher
ou notou que no canto dos seus olhos
não havia sinal qualquer de lagrima ou dor.
Ninguém envelhece impunemente.
O tempo é duro, e constrói secadouros invisíveis
entre nossos dedos.
É por isso que mulher não gosta de vento...
13 setembro, 2010

Soneto do só
Depois foi só. O amor era mais nada
Sentiu-se pobre e triste como Jó
Um cão veio lamber-lhe a mão na estrada
Espantado, parou. Depois foi só.
Depois veio a poesia ensimesmada
Em espelhos. Sofreu de fazer dó
Viu a face do Cristo ensangüentada
Da sua, imagem – e orou. Depois foi só.
Depois veio o verão e veio o medo
Desceu de seu castelo até o rochedo
Sobre a noite e do mar lhe veio a voz
A anunciar os anjos sanguinários...
Depois cerrou os olhos solitários
E só então foi totalmente a sós.
(Vinicius de Moraes)
05 agosto, 2010

Se eu pudesse evitar essa vontade de ti.
Esse não entorpecer me enlouquece.
Se tivesse ao menos o desejo de velar-te,
mas não
Quero sempre mais e mais,
teu conforto, eu sei,
não é de verdade
É mais um colchonete que um porto
é um amanhecer sobre a cidade...
E por mais que eu te peça
que me deixes em paz
a cada olhar
eu vejo o branco dos teus olhos
eu sinto teu cheiro
e esqueço quem sou
Mas preciso andar
e saber o que alimenta minha triste poesia

Não há nada que o mundo ainda não tenha colhido em mim
Cada lágrima, cada pedra de sal
Cada esfera, glóbulo ou óvulo quem tenha brotado em minha verve
É do mundo e nele está.
Me resta agora o ver-te e esperar-te
Chegar ao leito do rio
Banhar-me em sua nudez
E rumar ao céu
Sem paradas ou pedágios
Sem prenúncios nem presságios
Apenas ver-te
E ter-te
E ser-te
Como és
e como sou.
03 agosto, 2010
do amigo
31 julho, 2010
27 julho, 2010
taberneiro também pensa...

"Vai saber o que se passa na cabeça dessa gente... Vivem inventando um jeito de se amar! Têm sempre um trago esperando, alguma amizade e um assunto amplo, daqueles que podem durar a
noite inteira. Cruzes! E quando começam a cantar, há um repertório infinito, cada um lembra mais canções que o outro. Mas o que passa na cabeça dessa gente, gastando todo esse tempo com teorias que não se desenvolvem, com manhãs que não acordam, e com essas noites que não têm fim? Por que não sossega um pouco, essa gente? Que mania de madrugada acesa essa...."
25 julho, 2010

pode ser que haja algo além da estrada
pode ser
mas não há de ser melhor ou maior
do que o sonho que eu carrego pelo caminho
pode ser que depois de tudo eu consiga ser mais
pode ser
mas não acredito que possa avançar tanto assim
apenas sonho e sigo
crer em mim e em meu amor
a esperança no milagre
basta estar acordado
para o sonho se realizar
13 julho, 2010
21 junho, 2010

Estamos vagando por um infinito mar de palavras
As ondas invadem o espaço, idéias e ideais
Um mar sem contornos, sem nortes, apenas o mar
Tu estás dormindo, e eu dormente
Teu corpo é duro, como um pedaço do chão, dentro do mar ainda
Mas teu coração é como se fosse o todo, o mar, belo e infinito
Tu estás dormindo, e eu doente
Teus passos não adquirem mais a cor e o amor da noite
Mas te tenho em minhas mãos como se fosse anteontem
Eu sei que tenho que te deixar partir
Mas vive em mim
esse desejo.
Tu dormes. E eu habito a casa da tua dor, na ânsia de te viver.
Tu dormes. E eu continuo acordada, esperando
Enquanto a noite não vem.
25 maio, 2010
A UM AUSENTE
Tenho razão de sentir saudade,
tenho razão de te acusar.
Houve um pacto implícito que rompeste
e sem te despedires foste embora.
Detonaste o pacto.
Detonaste a vida geral, a comum aquiescência
de viver e explorar os rumos de obscuridade
sem prazo sem consulta sem provocação
até o limite das folhas caídas na hora de cair.
Antecipaste a hora.
Teu ponteiro enlouqueceu, enlouquecendo nossas horas.
Que poderias ter feito de mais grave
do que o ato sem continuação, o ato em si,
o ato que não ousamos nem sabemos ousar
porque depois dele não há nada?
Tenho razão para sentir saudade de ti,
de nossa convivência em falas camaradas,
simples apertar de mãos, nem isso, voz
modulando sílabas conhecidas e banais
que eram sempre certeza e segurança.
Sim, tenho saudades.
Sim, acuso-te porque fizeste
o não previsto nas leis da amizade e da natureza
nem nos deixaste sequer o direito de indagar
porque o fizeste, porque te foste.
Carlos Drummond de Andrade
"Tem dias que tua ausência me dói mais, e delicadamente sangro, como se buscasse esvaziar-me dessa dor. Tem dias que tua saudade é latejante, e grito silenciosamente por socorro. Eu sei que me escutas..."
19 maio, 2010
13 maio, 2010
11 maio, 2010
30 abril, 2010
A mulher de Nietzsche
20 abril, 2010
A Estrutura Poética
19 abril, 2010
Olhos abertos
Há um poema para cada mão
Olhos atentos
Pra não deixar que a coisa seja em vão
Olho pra dentro
A minha estrada está em construção
Se quiser prosseguir
Tome cuidado com sua razão
Vai tentando sorrir
Pra distrair seu pobre coração
Na hora de partir
Não tenha medo de morrer no chão
E se não conseguir
Tentar já foi sua grande lição
07 fevereiro, 2010
E se me achar esquisita, respeite também. Até eu fui obrigada a me respeitar. (Clarice Lispector)
aprendemos a virar o mundo de ponta cabeça
para que possamos nos encaixar.
É mais fácil mudar o mundo?
É mais fácil virar o jogo?
Lembra aquele poema, acerca da vida
cheiro de sons e amores, cheio de alegria...
Desde sempre eu sou o que sou,
quero mudar, mas
{não consigo
{não preciso
{não quero
{pra quê
?????????????????????????????
Esquece o mundo
e vamos nos perder de vez em nós mesmos.
20 setembro, 2009
08 setembro, 2009
Perdi um jeito de sorrir que eu tinha...
Depois, de cada vez que me mataram,
Foram levando qualquer coisa minha...
E hoje, dos meu cadáveres, eu sou
O mais desnudo, o que não tem mais nada
Arde um toco de vela, amarelada...
Como o único bem que me ficou!
Vinde, corvos, chacais, ladrões da estrada!
Ah! Desta mão avaramente adunca
Ninguém há de arrancar-me a luz sagrada!
Aves da Noite! Asas do Horror! Voejai!
Que a luz, trêmula e triste como um ai,
A luz do morto não se apaga nunca!
(Mário Quintana - A Rua dos Cataventos)
18 agosto, 2009
sobre o amor
29 julho, 2009
Sobre o não-amor

É um golpe estúpido.
Quem ama abandona-se no outro, pelo outro e para o outro.
O egoísmo é a ferrugem no leito dos amantes.
07 julho, 2009
Lady Sometimes

sem mudança ou viagem,
apenas ficar olhando de fora
observando os passos e os jeitos
Às vezes é preciso evadir-se do corpo
Sair por andar, sem corpo
Deixar só a alma em atendimento
Para a recuperação do flagelo
Dormência nos ouvidos,
Os lábios vagabundos
Analgesia de sentidos
É preciso descansar
18 março, 2009
antes do dia nascer

ouvida e sentida, com o revés do tempo
deixo as mágoas e as mágicas
as pedras e as pérolas
amores, humores e o que mais pesar
Dessa estrada, nada quero em meus ombros
apenas o peso do sol
rasgando minhas costas
nuas de arrependimento
seca é a lágrima
muito sal no pensamento
Dessa etrada nada resta
apenas meu vazio
profundo
pacífico
e ilusório
Resta apenas a estrada:
a canção
o pó
e o verso.
18 julho, 2008
Convite

Vem cá, brincar no meu umbigo
Vem me dizer palavras toscas
que os outros não sabem dizer
Vem, pra brincar na minha pele
Se deleitar nos meus anseios
Se enredar nos meus cabelos
Venha comigo viver...
Venha que a noite é uma festa!
E eu sei te dar toda a beleza
que você quer depois da mesa
Venha! Que eu tenho muito amor
E os teus desejos mais profundos
São meus brinquedos de calor
Venha que eu sei, neste segundo,
você não quer saber de dor
06 março, 2008
aqui há tanta coisa do mundo
há tanta coisa de amar
e tanta coisa de se sentir
que mesmo ao tempo não há nada mais a fazer
do que assistir à toda falta de espetáculo
correr para o teatro e esperar o palhaço chegar.
Estou de fora,
eu sei
já fechei a porta.
Mas ainda tenho a chave
guardada no bolso
08 novembro, 2007

e se pudéssemos admitir por um instante
que o sopro de vida em cada verso
que todo o encanto e todo o belo
são demais amor sem fim?
e se pudéssmos olhar pela janela
sem esperar que nada passe
que nada mude e permaneça
em teu colo o meu mundo de marfim?
e se a calma brisa que toca o meu ser
e invade o teu espaço neste instante
te mostrasse um pouco mais
do que muda muito em mim?
e se eu te amasse, simplemente
assim?
26 setembro, 2007
E na nossa cabeceira
Recordei o sonho antigo
Tantas cartas redigidas
Hoje guardam nossa história
Dentro de meus velhos livros
Ainda lembro cada passo
Cada esquivo, cada canto
Cada gesto matinal
Cada cor em seu cabelo
Cada riso, cada cheiro,
Cada pedra no quintal
E no entanto nada resta
Muito pouco, só resquícios
Deste mundo abandonado
Insistentes fantasias
Que flutuam nos meus versos
De inocente desvairado
Na manhã em que partistes
No delírio de perder-te
Aceitei a solidão
Fiz meus nervos doloridos
enfeitarem-se de aço
Corroeram-se em vão
Vi chover por sete dias
E as paredes lentamente
Entregarem-se ao bolor
Vi chorar por sete noites
Como eu, cada tijolo,
Em cada espaço uma dor
Quando o sol enfim voltou
Me encontrou desavisado
Quase cega meu olhar!
E de louco, desvairado,
Me escondi entre as cobertas
Era doce o meu penar...
Mas no fim da primavera
Relutante, qual criança
Resolvi amanhecer
E por mais que tu não voltes
Meu jardim ainda precisa
De alguém pra lhe prover
Jardineiro eu vou, sem medo
Terra fértil, sol e água
Transitando entre as folhagens
Esse verde me serena
Porque em cada planta minha
Surge a tua bela imagem
E por mais triste lhe pareça
Não me impoto de encontrar
Teu sorriso em cada flor
Hoje eu vivo a compensar
Toda falta de cuidado
Que não dei ao nosso amor.
27 fevereiro, 2007
07 janeiro, 2007

Mas foge de mim...
É moço calado
E não acha tempo
De ser namorado
No rosto bonito
Um sorriso cansado
No peito doído
Um beijo guardado
Segredo de luz
Qual nuvem faceira
Vagando sem medo
Por entre as fogueiras
Mas foge de mim...
Se perde em si mesmo
O olhar serenado
Andando a esmo
Sonhando de banda
Pisando na flor
Matando em silêncio
Um resto de amor
28 novembro, 2006
Carta nº 001
Tuas mãos são minhas carícias
Meus acordes cotidianos
Te quero porque tuas mãos
Trabalham pela justiça
Se te quero é porque tu és
Meu amor, meu cúmplice e tudo
E na rua, lado a lado
Somos muito mais que dois
...continua
____________________________________________
Pense em uma teoria do amor. Pense numa forma simples e correta de avaliamos e realizarmos todas as coisas da vida. Pense numa teoria de encanto, de respeito, de graça, entrega, ternura e calor. Pense numa teoria com dúvidas sinceras, medos justificáveis, fraquezas reconhecidas e totalmente sem pudor. Uma teoria de perdão e coerência. Pense numa teoria da paz, pense no amor como um caminho ainda a ser descoberto em nosso cotidiano para alcançarmos os valores dessa teoria, e que nos possibilite administrarmos nossa solidão...
20 novembro, 2006
Tudo Bem, meu bem.
- Vamos embora Isaac, cansei-me já.
- Mas nós acabamos de chegar, minha querida. O que houve?
- Não, vamos embora deste planeta, deste mundo, vamos embora de tudo!
Nara interrompe os dois, oferecendo uma taça de vinho a cada um.
- Ô Isaac, tão cedo e já em conferência com a Luana sobre todas as coisas! Bebam um pouco e vamos rir com os outros.
- Já vamos indo. – disse Luana, aceitando a taça num gesto simultâneo ao de Isaac.
A jovem suspirou longamente com os olhos no chão e, levandtando a cabeça, repetiu:
- Vamos embora de tudo Isaac, é sufocante demais. Olha só à minha volta, todo mundo se fazendo feliz, esperando que a gente faça as mesmas coisas de sempre, querendo rir das mesmas graças.
- Mas Luana, o que houve?
- Você não está me escutando: eu apenas quero partir, não aconteceu nada, nunca acontece. A gente é que acontece de maneira errada e se perde nesse entrevero. Sem entender bulhufas sobre tudo que há em nós e sempre fingindo que está indo bem. Todos te olham, te querem, mas não procuram te entender. E o que há em nós pra ser compreendido ou desvendado? Nem sabemos que existem verdades! E os muitos que em nós deixamos calar... E tudo o que a gente não pode fazer... Nada vai mudar Isaac, nada! É o fim!
- Minha querida... Minha Lua, vem cá...
Isaac riu, passou carinhosamente a mão nos cabelos de Luana e a abraçou, colocando a cabeça dela na altura de seu coração, como costumava fazer quando queria confortá-la. Na primeira vez em que dormiram juntos, ainda suados e confusos pelo excesso de sexo e álcool da noite, ele fez o mesmo gesto e a aconchegou cuidadosamente em seu peito. Naquela noite de inverno em que começaram a namorar, não foi o frio que a conservou na mesma posição a noite inteira, envolvida nos braços de seu amado. O que a manteve lá, quieta e tranqüila como a Lua, foi a deliciosa sensação de segurança e ternura sinceras que aqueles braços macios lhe traziam.
Agora, vivendo a mesma atmosfera mágica desse abraço que sempre a acalmava, sabia de tudo novamente. E sentindo o cheiro de Isaac lhe embriagar, escutando de perto o coração do moço a bater, ela o apertou com força, suspirou novamente e disse sorrindo, olhando-o nos olhos pela primeira vez na noite:
- Tudo bem, meu bem. Vamos abrir outra garrafa de vinho!

Distante do nosso quintal viajas em teus sonhos
e teimas em fazer de seu tempo um tempo só seu
Por que te olham, te ouvem, te querem?
O que escondes de encanto nesse riso louco?
O que te faz assim, tão universal?
Creio-me livre
vivo corajosamente
minha solidão
Sinto-me só
Creio-me viva
e faço meus dias
serem o que quero
Sigo-me só
Vivo-me apenas
Sem me importar
se me querem, me olham ou me escutam.
A mim me basta minha solidez e minha solidão.
19 novembro, 2006
O ALBATROZ
Pegam um albatroz, imensa ave dos mares,
Que acompanha, indolente parceiro de viagem,
O navio a singrar por glaucos patamares.
Tão logo o estendem sobre as tábuas do convés,
O monarca do azul, canhestro e envergonhado,
Deixa pender, qual par de remos junto aos pés,
As asas em que fulge um branco imaculado.
Antes tão belo, como é feio na desgraça
Esse viajante agora flácido e acanhado!
Um, com cachimbo, lhe enche o bico de fumaça,
Outro, a coxear, imita o enfermo outrora alado!
O Poeta se compara ao príncipe da altura
Que enfrenta os vendavais e ri da seta no ar;
Exilado ao chão, em meio à turba obscura,
As asas de gigante impedem-no de andar
Charles Baudelaire
16 novembro, 2006
O Primeiro Beijo
E um dia eu descobri
que gostava de te olhar
e de escutar sua voz macia e fecunda
e que gostaria de conversar contigo
durante muito tempo.
E a falta veio.
Vi o amor brotar no seu olhar.
Houve uma distância intolerável entre os corpos...
Seu pé me pescou,
e tudo aconteceu.
08 novembro, 2006
Poema da Bailarina
07 novembro, 2006

Sim! A rua passa por mim!
Eu, centro de meu universo
Eternamente ancorada neste porto de lágrimas
A rua passa febril
Está resfriada, congestionada
Espirra gente por todos os lados!
- Esta rua precisa de um analgésico!
E eu, sentada, cansada, encurvada
Encantada...
Continuo ancorada neste meu centro.
E nada posso fazer
A não ser
Pedir outro café.