Às vezes, por prazer, os homens da equipagem
Pegam um albatroz, imensa ave dos mares,
Que acompanha, indolente parceiro de viagem,
O navio a singrar por glaucos patamares.
Tão logo o estendem sobre as tábuas do convés,
O monarca do azul, canhestro e envergonhado,
Deixa pender, qual par de remos junto aos pés,
As asas em que fulge um branco imaculado.
Antes tão belo, como é feio na desgraça
Esse viajante agora flácido e acanhado!
Um, com cachimbo, lhe enche o bico de fumaça,
Outro, a coxear, imita o enfermo outrora alado!
O Poeta se compara ao príncipe da altura
Que enfrenta os vendavais e ri da seta no ar;
Exilado ao chão, em meio à turba obscura,
As asas de gigante impedem-no de andar
Charles Baudelaire
19 novembro, 2006
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Um comentário:
Maravilhoso... é a cara dos solitário e solitárias...
O Frepelento, Sherlock Dilbert adora Baudelaire e me fez adorar tbm, ele me deixou coisas boas e no final é isso que vale não é mesmo?!
Postar um comentário