
Um quase beijo teu
A me roubar a céu
Colorido labirinto
Perdi-me entre flores
E inebriante véu.
Um quase amor cintila
A te roubar adeus
E na lágrima contida
Entre dedos foge a noite
E o amor nunca foi meu.
Síncope, Versos Avulsos, O Sal das Coisas e Poemas de Amor
Abre teu coração para ti mesmo
Ama com bravura e louvor
a tua vida
Faze de ti o teu bem maior
Zela cuidadoso de tua alma sem descanso
Busca dentro de ti
toda tua razão de viver
Deixa-te embriagar
no teu próprio perfume
Transforma teu ser em
tua maior divindade
Eterniza de maneira segura e tenaz
a tua palavra
Pensa por ti e para ti
Anda com os olhos altivos
e fixos no teu próprio caminhar
Constrói para ti teu refúgio de ti mesmo
Onde possas guardar-te de teus pensamentos
mesquinhos e vulgares
Rega com paciência e perseverança
o teu jardim
para que tuas flores estejam
sempre a colorir
tuas manhãs de domingo
Sê arma e escudo
E enxerga em ti a mais bela e perfeita construção
Escraviza-te de ti mesmo
Para que um dia possas
Libertar-te deste mundo
E ser do mundo
A tua liberdade sem fim.
Assim que amanhecer eu vou sair
Vou ouvir algum pássaro
Vou ouvi-lo, percebê-lo e sentir seu encanto
O encanto do canto
do pássaro a cantar
E amar o seu canto, e deixá-lo amar!
Sem me importar com a hora que passa
O carro que passa
A gente que passa
A dor que não passa
Assim que amanhecer eu vou sair
Vou sentar-me embaixo de uma árvore
E esperar meu pássaro cantar
E aprender a amar o seu canto
Que só encanta quando o pássaro
está livre para voar...
Talvez assim eu me sinta também um pouco pássaro
E me permita aprender a amar.