Hoje tomei café na tua xícara.
27 junho, 2022
08 junho, 2022
DEPOIS ÁGUA
Primeiro a gente perde a vergonha. De existir, de andar no mundo, de falar em público, perde a vergonha de se emocionar, de sentir, como a criar um couro na cara, invencível despudor, o poder de emanar nossa presença.
Depois de perder a vergonha, a gente perde medo. O assalto da coragem no primeiro passo, assim que de pronto firmamos em marcha, tomamos o rumo. Depois do medo a gente destrava, caminha, nem que seja pra fazer vento e sentir as cócegas de um futuro na barriga ou no pescoço de alguém.
Depois, água.
UM POEMA PARA UM POETA
Conheci um homem
que carregava consigo
sua dignidade de menino.
Ele me contou
que ainda jovem
compreendeu o motivo da seda: carícia.
Com duas mãos de orvalho
tocou meus olhos de lágrima
e veja bem: não doeu.
Depois, não sei: parece que engoli uma estrela.
E entre um soluço e outro,
ensaiam-se cócegas
um sorriso
e a paz de quem espera.
04 junho, 2022
31 maio, 2022
19 abril, 2022
MOTE PARA UM SAMBA CONTRA-OSTENTAÇÃO
MOTE PARA UM SAMBA CONTRA-OSTENTAÇÃO
Na roda gigante da vida
As vezes a volta é por baixo.
14 março, 2022
O amor nos Tempos do Colera
Atravessamos juntos
O abismo da saudade
Pontes sobre o nada
Pela força da idade
Nos encontramos serenos
Despidos de mocidade
Nos habitamos a esmo,
Repletos de intensidade
27 janeiro, 2022
ESPINOZA ENCONTRA O CAPITALISMO
Acordar mais cedo
Despertar com sorte
Evitar a morte
Para sustentar
Acordar com medo
Ir dormir mais cedo
Inventar um sonho
Para conservar
Acordar pra morte
Evitar a sorte
Despertar do sonho
Inventar AMAR
Acordar pra sorte
De deitar cabelo
Enfrentar o medo
De se levantar
E caminhar...
Caminhar.
07 setembro, 2021
VELHO BILHETE DE ADEUS
Baby, não deu pra esperar
Eu sei que você queria
Mas não deu pra ficar
Desculpe a louça na pia
E tanta fumaça no ar
Baby, peguei seu casaco
Pro caso de tempo ruim
As vezes preciso de abrigo
Às vezes me escondo de mim
Mas baby, eu tive que ir
Deixei uma nota de cem
Pro caso da casa cair
03 julho, 2021
11 junho, 2021
LAVOURA AMOROSA
Plantar silêncios
entre os pelos do teu corpo
Criar sulcos, redemoinhos afetivos
Regar com a água da boca
06 junho, 2021
QUESTÃO DE ORDEM
Comprei um perfume
para o dia do nosso encontro
mas sou ansiosa
e já o estou usando:
Apressa-te.
26 dezembro, 2020
10 dezembro, 2020
24 novembro, 2020
Que sibila
~ Vibrar na alegria, acolher o vento. Sentir o coração em todo o corpo, conter a emoção sem deixar de ser sentimento. Sentir que partir é poder perder-se em infinitas possibilidades, mas na certeza de um só encontro: um outro consigo mesmo. A sina, o amor e o viver do tempo. O verbo é ser, seguir, sorrir, saber sentir, se florescer, se seduzir, se agigantar no entendimento. ~
Alguém me avisou pra pisar nesse chão devagarinho.
🌠
26 outubro, 2020
Geralmente, tropeço. É característico: um desajeito no caminhar, como se nunca firmasse a marcha, como se ainda ensaiasse os movimentos de um pé depois o outro. Quando em reta, corpo inteiro, desabo em mistérios no asfalto do chão. No declive, me esguio e surfo à baila de espiral e vento. Nos degraus ascendentes, cuidado permanente em manter presos, na boca, todos os dentes.
Mas o pulso firma, me ergo, e ao ver a sombra do meu corpo em movimento, lutando contra a gravidade, penso que grave mesmo é cair e ficar estático. Enquanto houver sol haverá sombra, e haverá luta, e eu seguirei, com um pé após o outro, aprendendo caminhar.
16 setembro, 2020
COMO LAVRAR UM BOLETIM DE OCORRÊNCIA
hoje eu tinha me programado:
quando chegasse a noite
quando tudo se acalmasse
passadas as horas de trabalho
encerradas as tarefas domésticas
quando todos os animais estivessem alimentados
eu me sentaria
quieta
e escreveria um poema
com versos de amor
pra te paquerar
era esse o meu planejamento:
ouvir os ecos eróticos que ainda restam no meu corpo
aproveitar essa onda de calor
em meio ao inverno chuvoso
e te mandar um poema-fogueira
como um braseiro que atravessasse infinitos caminhos digitais
para chegar ateh teus olhos
e aquecer teu coração.
assim seria se não fosse essa dura realidade
fui atropelada
invadida
saqueada
esvaziaram o estoque de palavras amorosas
quando vi as prateleiras vazias de versos
chorei
chorei ateh soluçar
tentei meditar em vão
tentei perdoar os invasores
e não adiantou
pois sei que fui eu que abri a porta.
enfim, faça-se pelo menos o registro da ocorrência
em vez de um poema de amor
te envio o B.O.
e
podes queimar depois de ler.
22 julho, 2020
Um Pomar
18 junho, 2020
EU PROCURO ALGUÉM PARA COMPARTIR O SILÊNCIO
Eu procuro alguém para compartir o silêncio.
Eu procuro alguém para compartir?
Eu procuro alguém?
Eu procuro?
Eu?
Que silêncio?
PRIMEIRAS SAUDADES DE AMAR
Do abraço que entra por baixo da jaqueta, no inverno. Esquentar as costas na conchinha da manhã. Colocar o ouvido na boca. Esquecer que há vida lá fora. Se perder no dentro do Outro.
26 maio, 2020
SAL DE QUARENTENA
O choro é tanto
Que tenho até uma toalha específica para o pranto
E às vezes ainda uso o pano de prato
Quando a questão é mais urgente
28 março, 2020
EU PROCURO UM POEMA TRISTE
Eu procuro um poema triste
que fale sobre além da falta de futuro, além da falta de passado
Um poema sobre as sobras do presente
Eu procuro um poema triste
que me faça dessentir no estômago essa vertigem da queda, com palavras e gestos que nos façam arremeter
Eu procuro um poema triste
que fale sobre como esquecer o que não já não se lembra mas que vive na gente
como um beliscão atrás do esterno, no peito, em frente o coração
Eu procuro um poema triste
Um poema que chore com os dois olhos
Que seja triste
É cálido
E calmo
E quente no final
Como uma fogueira
ou uma xícara de chá.
09 março, 2020
PRELÚDIO PARA O BOM INVERNO
Queimei todos
os teus livros
Em uma única
longa noite de verão
Comendo sorvete
Em frente à lareira
Deixei arder
Folha por folha
De toda tua coleção
O vento alimenta
A chama
Fogo que inflama
Meu coração
Que não é colecionável:
Uma brasa.
09 janeiro, 2020
Duas Gotas D'Água
Eu respiro.
27 novembro, 2019
ESTA NOITE DORMIREI COM TUA CAMISETA
visitou-me
na forma de um vento
uma saudade
um sopro de dor
da distância que a janela não alcança
teu corpo me esquece
incessante e calmo
o meu se aquece
te recorda
estremece
e durmo com tua camiseta
aquela
que furou na última visita.
19 outubro, 2019
O Cio da Rosa
29 julho, 2019
PRA VIAGEM
Eu poderia passar horas, dias, anos
adjetivando a tua pessoa
E ressaltado o quanto és
atraente
envolvente
reluzente
inteligente
e sagaz
E poderia intensificar tudo
com qualificações adverbiais
de primeiríssima escala
e potencializar tudo
o que é latente
Poderia dizer que
não foi apenas o ar que me fugiu
O mar que me sorriu
O luar que se esbaldou em tua beleza luminescente
E que o simples fato
de te ver
reduz os infinitos gestos de espera
e de desejo
que eu mesma armadilho
pelo caminho
Eu poderia dizer que a idade
não é e nunca será um problema
Porque o amor não é questão de tempo
e sim de
eternidade
Poderia te dizer que da primeira vez que
repousei meu olhar em tua silhueta
foi como se eu mesma me encotrasse a mim
Porque o amor é como um desmemoriado
que em looping procura seu próprio abismo
e se depara sempre com o próprio umbigo
Eu poderia sim
e te contar tantas histórias quanto fosse possível
Como a formar em apenas uma as mil e uma noites
Realocando as dobras de meu ser em teu ser
como num jogo de quebra-cabeças
Eu poderia escrever-te as canções
Que te dediquei
na juventude
E te dedicar as canções que escreverei
em mim apenas com a pétala do teu olhar
Os melhores versos que as palavras podem gestar
Elaborar-te comícios de amor
Poderia deixar meu corpo
se emocionar
com a presença do teu corpo
Como se nunca houvesse um tempo de distância entre nós.
E no entanto
por enquanto
eu quero
apenas
um café
mas pode
ser pra viagem.
28 março, 2019
18 março, 2019
AS ILUSÕES DA FALA: DESGASTE
é um entrave.
A língua tropeça, cansada
entre os dentes
e não há fonemas
o suficiente...
É uma metástase de palavras
Uma grande cortina de fumaça
a disfarçar as notas claras do meu coração
Como um mágico que brinca
Com o público
E esconde o segredo na mão!
Mas no teu silêncio - amor -
Vislumbro e busco
incansável
Outros modos de usar a boca.
15 janeiro, 2019
ESCREVER PARA ESQUECER
Todos os poemas de amor
que eu não fiz pra você
serão publicados
São centenas de versos
Sobre mim e minha pele
Em outras peles
Outros corpos que não o teu
Tantos anos tentando
Te esquecer
E só o que eu consegui
Foi escrever um livro
04 dezembro, 2018
26 outubro, 2018
SEMEADURA
29 agosto, 2018
ONDE NASCEM OS POEMAS
25 maio, 2018
POEMA PSIQUIÁTRICO
O poema que não me causa estranhamento não cumpre seu papel revolucionário, no sentido de me revelar novos sentidos, sentimentos ou idéias. O poeta é um alquimista das palavras, e pode/deve usar suas essências para causar reações, ao menos neuroquímicas.
23 maio, 2018
ESQUERDA MARGINAL
08 maio, 2018
TAVA PRECISADA ERA DE MAR
Mar aberto para uns pensamentos largos
Mar manso para os sentimentos barcos
Maré baixa para regular as cheias do meu coração
Marulho nas canelas, fazendo cócegas e rimas dos meus passos em falso
E passeando, caminhar, de mar a mar
Amar o mar, no mar amar
E no silêncio:
Marejar
Tava precisada era de amar.
15 abril, 2018
AMOR SEM CARNAVAL
Na janela da sacaca
Esperando ele passar
No espelho vai deixando a juventude
Em cada giro uma virtude
Em cada salto um olhar...
De abrir uma passagem
No seu duro coração
Pra que a vida lhe trouxesse um seu amor
Sem razão e sem pudor
Ela teme uma paixão!
Como o sol, iluminando
Minha vida tão igual
Também choro por querê-la em segredo
Pois ainda tenho medo
Desse amor sem carnaval.
14 abril, 2018
DO AMOR SÓBRIO
Posto que já esgotei minha cota de exageros
(Nesta vida)
Porém
Contudo
Todavia
Pode ser, porque não há garantia
Sorrisos novos, ainda sem uso
Daí pode ser
Com o qual poderás salgar tua carne para conservar algumas naturezas.
04 março, 2018
07 novembro, 2017
DISPARATE
24 agosto, 2017
Canção para o Broto
04 agosto, 2017
24 julho, 2017
20 julho, 2017
28 maio, 2017
31 março, 2017
NO EXCUSES
to love
to love a writer
to write a love
to write a love with a writer
to love my write
to love
my best writing.
24 março, 2017
22 fevereiro, 2017
TO LOVE SOMEBODY OU COMO AMAR O RIO DA IMPERMANÊNCIA
e como já não amasse mais tinha uma necessidade ainda maior de amar novamente
13 fevereiro, 2017
Do Amor na Pós Modernidade
29 janeiro, 2017
Dos Sonhos Inéditos
Enquanto velo teu sono
És o poema
Sem querer te adorar
Te alcanço
Tudo é vida, amor e paz
Até o próximo despertar
Enquanto velo teu sono
O amor possível
Velo
Vejo
Meu sonho
Enquanto amar
17 janeiro, 2017
A PROMESSA (Todo porto é também Mar)
Tão azul que de azul nem se lembra
mar alto, céu, centro
a vida era movimento
e cores
nunca mais
fotografo a noite
a morte de quem ama
o futuro acabado, posto, dado
Tão seu que de mim já nem se lembra
lenda, linda!
A flor da tenda
Azul
11 janeiro, 2017
08 novembro, 2016
DAS SUTILEZAS
11 outubro, 2016
14 setembro, 2016
DESEJO
Enquanto ela borda
eu ouço as estrelas:
também todas se tecem.
Também nós desenhamos
no céu, a vida.
Enquanto bordas
enquanto estrelas
enquanto vivas!
*para o dia de teus anos, minha filha. Feliz Aniversário!
12 setembro, 2016
Das Vontades (Utouchable)
De dividir
tudo contigo
De te incluir
em todas as minhas orações
De te despir
lentamente, ao som de Antonio Carlos Jobim
De te dizer palavras
todas, em desordem de tamanho, numero e grau
De te deitar entre meus seios
como camafeu, adornando o invólucro do meu coração
De te conservar
inteiro, intacto, instante, in versus
De te ser
amor, apenas.
06 setembro, 2016
Entre Pausas *ALERTA: Esse poema contém uma trilha sonora
E se o amor for desmemoriado?
Estaremos sempre buscando o caminho de casa,
adivinhando feijões deixados pelo caminho,
no eterno retorno-busca-processo...
Contando as pedras, as perdas, as bundas
Gozando as palavras
Seguindo sorrisos
Conservando
os sentidos
os abraços
os afetos
as horas
sempre as horas, Leonard.
TRILHA SONORA:
https://youtu.be/bivzkH4g1ao
28 agosto, 2016
Manifesto Latente
Poetas do mundo:
Uní-vossas línguas!
09 agosto, 2016
SÊ
Destilar a dor
07 abril, 2016
RECORTE
04 abril, 2016
PE(r)DIDO
03 agosto, 2015
22 julho, 2015
Enquanto Casa
Das Águas Passadas
Nos momentos em que me desalmo, deságua em meu peito um rio nostálgico de saudades e fantasias. Alguns aromas de cânfora e mel, uns bons goles de um doze anos, alguns acordes macios que lembram navios nos dias de vento. Enfim, momentos...
Desalmar o peito, desnudar a carne, desde que eu mantenha a mim mesma no centro.
06 julho, 2015
Blues Acordes
13 junho, 2015
22 fevereiro, 2015
26 janeiro, 2015
CATALEPSIA
31 outubro, 2014
Das Vidas
07 outubro, 2014
Baisers et des Caresses
Entre tantos olhos
Todos os olhares foram teus
E nos teus abraços
Encontrei meus braços
Engoli o adeus
Entre teus sorrisos
Prometia o dia
Na linda manhã
Calor, alegria
Eu senti na pele
Qualquer coisa vã
Entre tantos beijos, suspiros e mantras
Me perdi
Nos teus.
22 setembro, 2014
Da Fome
E se não for de dor
De se entregar
Nem tente
Que amor é
Prato que se
Come quente
Lambusando a cara
E sujando
Os dentes
Amalá dos deuses
Que se manipula
Com as mãos
E levando
À boca
Vai pela garganta
Faz caminho certo
Ao coração
Se não for de dor
De queimar os lábios
E de se entregar
Se não faz salivar
Não me apetece
Se não é amor
Esquece
Que minha fome é grande
Mas meu
Coração
Maior ainda...
02 setembro, 2014
Nothing But The Blues
20 agosto, 2014
Do Tempo
eu te espero entre as arvores secas do outono
e meus olhos invernam teu corpo
tu vens!
escuto de longe o farfalhar de teus passos
entre as folhas secas que descolorem o caminho
tu chegas calmo
sobejo, como uma brisa de verão
desfolha entre meus dedos
a esperança de uma primavera farta, silenciosa e feliz
amanheço, desabrochada
e já nem sei do tempo de sol ou de semente:
o tempo é de ser
13 agosto, 2014
Sala de Espera
Teu riso invade
Minha alma
Que andava
Bocejada
E o corpo agita
Como se fosse
Hora de acordar
Desperta, amor:
Despertador!
12 agosto, 2014
02 agosto, 2014
Enquanto Lágrima
Eu carrego uma saudade recém parida nos braços enquanto gasto o tempo de ser só
Tempo de não ter dó nem dor
Porque enquanto só: amor
01 julho, 2014
Poeminha pra um Dia Pequeno
O que é um pontinho de luz
05 junho, 2014
A Hora Infame
Eis o vazio
Sem dor
Sem dó
Preenche
O espaço
Da fé
Na outra margem
Eu
Preenchendo-me
Com lápis, papel
E tesoura sem ponta
- Garçom, por favor: a conta.