Eu poderia passar horas, dias, anos
adjetivando a tua pessoa
E ressaltado o quanto és
atraente
envolvente
reluzente
inteligente
e sagaz
E poderia intensificar tudo
com qualificações adverbiais
de primeiríssima escala
e potencializar tudo
o que é latente
Poderia dizer que
não foi apenas o ar que me fugiu
O mar que me sorriu
O luar que se esbaldou em tua beleza luminescente
E que o simples fato
de te ver
reduz os infinitos gestos de espera
e de desejo
que eu mesma armadilho
pelo caminho
Eu poderia dizer que a idade
não é e nunca será um problema
Porque o amor não é questão de tempo
e sim de
eternidade
Poderia te dizer que da primeira vez que
repousei meu olhar em tua silhueta
foi como se eu mesma me encotrasse a mim
Porque o amor é como um desmemoriado
que em looping procura seu próprio abismo
e se depara sempre com o próprio umbigo
Eu poderia sim
e te contar tantas histórias quanto fosse possível
Como a formar em apenas uma as mil e uma noites
Realocando as dobras de meu ser em teu ser
como num jogo de quebra-cabeças
Eu poderia escrever-te as canções
Que te dediquei
na juventude
E te dedicar as canções que escreverei
em mim apenas com a pétala do teu olhar
Os melhores versos que as palavras podem gestar
Elaborar-te comícios de amor
Poderia deixar meu corpo
se emocionar
com a presença do teu corpo
Como se nunca houvesse um tempo de distância entre nós.
E no entanto
por enquanto
eu quero
apenas
um café
mas pode
ser pra viagem.
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