hoje eu tinha me programado:
quando chegasse a noite
quando tudo se acalmasse
passadas as horas de trabalho
encerradas as tarefas domésticas
quando todos os animais estivessem alimentados
eu me sentaria
quieta
e escreveria um poema
com versos de amor
pra te paquerar
era esse o meu planejamento:
ouvir os ecos eróticos que ainda restam no meu corpo
aproveitar essa onda de calor
em meio ao inverno chuvoso
e te mandar um poema-fogueira
como um braseiro que atravessasse infinitos caminhos digitais
para chegar ateh teus olhos
e aquecer teu coração.
assim seria se não fosse essa dura realidade
fui atropelada
invadida
saqueada
esvaziaram o estoque de palavras amorosas
quando vi as prateleiras vazias de versos
chorei
chorei ateh soluçar
tentei meditar em vão
tentei perdoar os invasores
e não adiantou
pois sei que fui eu que abri a porta.
enfim, faça-se pelo menos o registro da ocorrência
em vez de um poema de amor
te envio o B.O.
e
podes queimar depois de ler.
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