Te quero – Mário Benedetti
Tuas mãos são minhas carícias
Meus acordes cotidianos
Te quero porque tuas mãos
Trabalham pela justiça
Se te quero é porque tu és
Meu amor, meu cúmplice e tudo
E na rua, lado a lado
Somos muito mais que dois
...continua
____________________________________________
Pense em uma teoria do amor. Pense numa forma simples e correta de avaliamos e realizarmos todas as coisas da vida. Pense numa teoria de encanto, de respeito, de graça, entrega, ternura e calor. Pense numa teoria com dúvidas sinceras, medos justificáveis, fraquezas reconhecidas e totalmente sem pudor. Uma teoria de perdão e coerência. Pense numa teoria da paz, pense no amor como um caminho ainda a ser descoberto em nosso cotidiano para alcançarmos os valores dessa teoria, e que nos possibilite administrarmos nossa solidão...
28 novembro, 2006
20 novembro, 2006
Tudo Bem, meu bem.
Isaac acabara de cumprimentar Nara e Wagner quando Luana, segurando delicadamente seu braço esquerdo, conduziu-o até um canto da sala, a fim de que pudessem conversar a sós. Ela, com o olhar cabisbaixo, num misto de tristeza e desconforto, suplicava em silêncio para que ele a acompanhasse sem relutar. E ele, com uma paciência que só o amor confere às pessoas amantes, pediu licença aos amigos, e a seguiu, certo de se tratava de algo importante. E era mesmo:
- Vamos embora Isaac, cansei-me já.
- Mas nós acabamos de chegar, minha querida. O que houve?
- Não, vamos embora deste planeta, deste mundo, vamos embora de tudo!
Nara interrompe os dois, oferecendo uma taça de vinho a cada um.
- Ô Isaac, tão cedo e já em conferência com a Luana sobre todas as coisas! Bebam um pouco e vamos rir com os outros.
- Já vamos indo. – disse Luana, aceitando a taça num gesto simultâneo ao de Isaac.
A jovem suspirou longamente com os olhos no chão e, levandtando a cabeça, repetiu:
- Vamos embora de tudo Isaac, é sufocante demais. Olha só à minha volta, todo mundo se fazendo feliz, esperando que a gente faça as mesmas coisas de sempre, querendo rir das mesmas graças.
- Mas Luana, o que houve?
- Você não está me escutando: eu apenas quero partir, não aconteceu nada, nunca acontece. A gente é que acontece de maneira errada e se perde nesse entrevero. Sem entender bulhufas sobre tudo que há em nós e sempre fingindo que está indo bem. Todos te olham, te querem, mas não procuram te entender. E o que há em nós pra ser compreendido ou desvendado? Nem sabemos que existem verdades! E os muitos que em nós deixamos calar... E tudo o que a gente não pode fazer... Nada vai mudar Isaac, nada! É o fim!
- Minha querida... Minha Lua, vem cá...
Isaac riu, passou carinhosamente a mão nos cabelos de Luana e a abraçou, colocando a cabeça dela na altura de seu coração, como costumava fazer quando queria confortá-la. Na primeira vez em que dormiram juntos, ainda suados e confusos pelo excesso de sexo e álcool da noite, ele fez o mesmo gesto e a aconchegou cuidadosamente em seu peito. Naquela noite de inverno em que começaram a namorar, não foi o frio que a conservou na mesma posição a noite inteira, envolvida nos braços de seu amado. O que a manteve lá, quieta e tranqüila como a Lua, foi a deliciosa sensação de segurança e ternura sinceras que aqueles braços macios lhe traziam.
Agora, vivendo a mesma atmosfera mágica desse abraço que sempre a acalmava, sabia de tudo novamente. E sentindo o cheiro de Isaac lhe embriagar, escutando de perto o coração do moço a bater, ela o apertou com força, suspirou novamente e disse sorrindo, olhando-o nos olhos pela primeira vez na noite:
- Tudo bem, meu bem. Vamos abrir outra garrafa de vinho!
- Vamos embora Isaac, cansei-me já.
- Mas nós acabamos de chegar, minha querida. O que houve?
- Não, vamos embora deste planeta, deste mundo, vamos embora de tudo!
Nara interrompe os dois, oferecendo uma taça de vinho a cada um.
- Ô Isaac, tão cedo e já em conferência com a Luana sobre todas as coisas! Bebam um pouco e vamos rir com os outros.
- Já vamos indo. – disse Luana, aceitando a taça num gesto simultâneo ao de Isaac.
A jovem suspirou longamente com os olhos no chão e, levandtando a cabeça, repetiu:
- Vamos embora de tudo Isaac, é sufocante demais. Olha só à minha volta, todo mundo se fazendo feliz, esperando que a gente faça as mesmas coisas de sempre, querendo rir das mesmas graças.
- Mas Luana, o que houve?
- Você não está me escutando: eu apenas quero partir, não aconteceu nada, nunca acontece. A gente é que acontece de maneira errada e se perde nesse entrevero. Sem entender bulhufas sobre tudo que há em nós e sempre fingindo que está indo bem. Todos te olham, te querem, mas não procuram te entender. E o que há em nós pra ser compreendido ou desvendado? Nem sabemos que existem verdades! E os muitos que em nós deixamos calar... E tudo o que a gente não pode fazer... Nada vai mudar Isaac, nada! É o fim!
- Minha querida... Minha Lua, vem cá...
Isaac riu, passou carinhosamente a mão nos cabelos de Luana e a abraçou, colocando a cabeça dela na altura de seu coração, como costumava fazer quando queria confortá-la. Na primeira vez em que dormiram juntos, ainda suados e confusos pelo excesso de sexo e álcool da noite, ele fez o mesmo gesto e a aconchegou cuidadosamente em seu peito. Naquela noite de inverno em que começaram a namorar, não foi o frio que a conservou na mesma posição a noite inteira, envolvida nos braços de seu amado. O que a manteve lá, quieta e tranqüila como a Lua, foi a deliciosa sensação de segurança e ternura sinceras que aqueles braços macios lhe traziam.
Agora, vivendo a mesma atmosfera mágica desse abraço que sempre a acalmava, sabia de tudo novamente. E sentindo o cheiro de Isaac lhe embriagar, escutando de perto o coração do moço a bater, ela o apertou com força, suspirou novamente e disse sorrindo, olhando-o nos olhos pela primeira vez na noite:
- Tudo bem, meu bem. Vamos abrir outra garrafa de vinho!

Distante do nosso quintal viajas em teus sonhos
e teimas em fazer de seu tempo um tempo só seu
Por que te olham, te ouvem, te querem?
O que escondes de encanto nesse riso louco?
O que te faz assim, tão universal?
Creio-me livre
vivo corajosamente
minha solidão
Sinto-me só
Creio-me viva
e faço meus dias
serem o que quero
Sigo-me só
Vivo-me apenas
Sem me importar
se me querem, me olham ou me escutam.
A mim me basta minha solidez e minha solidão.
19 novembro, 2006
O ALBATROZ
Às vezes, por prazer, os homens da equipagem
Pegam um albatroz, imensa ave dos mares,
Que acompanha, indolente parceiro de viagem,
O navio a singrar por glaucos patamares.
Tão logo o estendem sobre as tábuas do convés,
O monarca do azul, canhestro e envergonhado,
Deixa pender, qual par de remos junto aos pés,
As asas em que fulge um branco imaculado.
Antes tão belo, como é feio na desgraça
Esse viajante agora flácido e acanhado!
Um, com cachimbo, lhe enche o bico de fumaça,
Outro, a coxear, imita o enfermo outrora alado!
O Poeta se compara ao príncipe da altura
Que enfrenta os vendavais e ri da seta no ar;
Exilado ao chão, em meio à turba obscura,
As asas de gigante impedem-no de andar
Charles Baudelaire
Pegam um albatroz, imensa ave dos mares,
Que acompanha, indolente parceiro de viagem,
O navio a singrar por glaucos patamares.
Tão logo o estendem sobre as tábuas do convés,
O monarca do azul, canhestro e envergonhado,
Deixa pender, qual par de remos junto aos pés,
As asas em que fulge um branco imaculado.
Antes tão belo, como é feio na desgraça
Esse viajante agora flácido e acanhado!
Um, com cachimbo, lhe enche o bico de fumaça,
Outro, a coxear, imita o enfermo outrora alado!
O Poeta se compara ao príncipe da altura
Que enfrenta os vendavais e ri da seta no ar;
Exilado ao chão, em meio à turba obscura,
As asas de gigante impedem-no de andar
Charles Baudelaire
16 novembro, 2006
O Primeiro Beijo
"Hold me tight! Tonighg!"
E um dia eu descobri
que gostava de te olhar
e de escutar sua voz macia e fecunda
e que gostaria de conversar contigo
durante muito tempo.
E a falta veio.
Vi o amor brotar no seu olhar.
Houve uma distância intolerável entre os corpos...
Seu pé me pescou,
e tudo aconteceu.
E um dia eu descobri
que gostava de te olhar
e de escutar sua voz macia e fecunda
e que gostaria de conversar contigo
durante muito tempo.
E a falta veio.
Vi o amor brotar no seu olhar.
Houve uma distância intolerável entre os corpos...
Seu pé me pescou,
e tudo aconteceu.
08 novembro, 2006
Poema da Bailarina
07 novembro, 2006

Olho a rua que passa
Sim! A rua passa por mim!
Eu, centro de meu universo
Eternamente ancorada neste porto de lágrimas
A rua passa febril
Está resfriada, congestionada
Espirra gente por todos os lados!
- Esta rua precisa de um analgésico!
E eu, sentada, cansada, encurvada
Encantada...
Continuo ancorada neste meu centro.
E nada posso fazer
A não ser
Pedir outro café.
Sim! A rua passa por mim!
Eu, centro de meu universo
Eternamente ancorada neste porto de lágrimas
A rua passa febril
Está resfriada, congestionada
Espirra gente por todos os lados!
- Esta rua precisa de um analgésico!
E eu, sentada, cansada, encurvada
Encantada...
Continuo ancorada neste meu centro.
E nada posso fazer
A não ser
Pedir outro café.
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