Pássaro implume
Eu tinha um jeito de andar
olhando pro chão
que se perdeu
com o passar dos anos.
Percebo que agora
tenho considerado
o horizonte das gentes,
ensaiando o salto,
intencionando-o mesmo.
No mais das vezes
tropeço, e daí
rasgar os joelhos,
acostumar-se à vertigem da queda,
aprender cair:
tudo já é vôo.
E eu, de braços abertos
e os olhos bem fechados,
no enquanto,
humildemente,
aproveito a vista.