12 agosto, 2013

Só vai quem voa

Pássaro implume

Eu tinha um jeito de andar
olhando pro chão
que se perdeu
com o passar dos anos.
 
Percebo que agora
tenho considerado 
o horizonte das gentes,
ensaiando o salto,
intencionando-o mesmo.

No mais das vezes 
tropeço, e daí  
rasgar os joelhos, 
acostumar-se à vertigem da queda, 
aprender cair:
tudo já é vôo.

E eu, de braços abertos 
e os olhos bem fechados,
no enquanto,
humildemente,
aproveito a vista.

Um comentário:

Marcelo Rutshell disse...

é uma pena que, com o passar dos anos e com as cicatrizes que no obrigam a carregar, percamos esse jeito de andar... excelente poesia.