Não fui eu quem plantou esta flor.
Quando a busquei ensejava consolar-me
de mim, de ti,
de nossas versões de calendário
todas já rotas, retas, sólidas.
Nas primeiras semanas em que a cultivei
Choveu muito
E ela se desandou em lágrimas
E tons terrosos
e ficou azul
depois roxa
cianótica
cor de morte mesmo.
Pensei que não vingava,
mas tudo bem
porque adubo
também nutre.
Mas não.
Algo desfez-se depois da chuva.
Veio brotando, desabrochando
se refazendo mesmo
E já nem sei mais
Se flor
Se borboleta
Se pássaro
Ou se somos nós.
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