31 outubro, 2014

Das Vidas




"Noite de vento, noite dos mortos..."
(Érico Veríssimo)

"Minha vida, meus mortos
Meus caminhos tortos..."
(Secos e Molhados)

Em certas épocas do ano
(Não sei se de vento ou de flores)
Alguns fantasmas aparecem
A me visitar

Com os mortos eu até converso
Sobre amores, de carinho ou gratidão

Mas com os vivos, 
Faço questão de reforçar-lhes 
A invisibilidade...

Alma louca
Candeia pouca
Meus vivos primeiro.



07 outubro, 2014

Baisers et des Caresses


Entre tantos olhos
Todos os olhares foram teus
E nos teus abraços
Encontrei meus braços
Engoli o adeus
Entre teus sorrisos
Prometia o dia
Na linda manhã
Calor, alegria
Eu senti na pele
Qualquer coisa vã

Entre tantos beijos, suspiros e mantras
Me perdi
Nos teus.

22 setembro, 2014

Da Fome


E se não for de dor
De se entregar
Nem tente
Que amor é
Prato que se
Come quente
Lambusando a cara
E sujando
Os dentes
Amalá dos deuses
Que se manipula
Com as mãos
E levando
À boca
Vai pela garganta
Faz caminho certo
Ao coração
Se não for de dor
De queimar os lábios
E de se entregar
Se não faz salivar
Não me apetece
Se não é amor
Esquece
Que minha fome é grande
Mas meu
Coração
Maior ainda...

02 setembro, 2014

Nothing But The Blues



Like old friends
Me and my pain
With hold hands
Again...

It's another 
Ordinary story
But that's my party
There's no glory

And love was not invited...

20 agosto, 2014

Do Tempo



eu te espero entre as arvores secas do outono
e meus olhos invernam teu corpo
tu vens!
escuto de longe o farfalhar de teus passos
entre as folhas secas que descolorem o caminho
tu chegas calmo
sobejo, como uma brisa de verão
desfolha entre meus dedos
a esperança de uma primavera farta, silenciosa e feliz

amanheço, desabrochada
e já nem sei do tempo de sol ou de semente:
o tempo é de ser


13 agosto, 2014

Sala de Espera



Teu riso invade
Minha alma
Que andava
Bocejada

E o corpo agita
Como se fosse
Hora de acordar

Desperta, amor:
Despertador!

02 agosto, 2014

Enquanto Lágrima


Eu carrego uma saudade recém parida nos braços enquanto gasto o tempo de ser só
Tempo de não ter dó nem dor
Porque enquanto só: amor


01 julho, 2014

Poeminha pra um Dia Pequeno



O que é um pontinho de luz 
em um dia cinza e pequeno?
Um poema engraçadinho
ou um copo de veneno!
Bebe do poema, boba!
Já basta a vida que mata
Bebe de pouco, devagar
Sorrindo ou chorando
Até se afogar
Bebe o poema de um gole
Que o mais 
É besteira
É só acordar!
Bebe do poema bobo
Que pequeno nesse mundo
É dormir e não sonhar!


05 junho, 2014

A Hora Infame


Eis o vazio
Sem dor
Sem dó
Preenche
O espaço
Da fé

Na outra margem
Eu

Preenchendo-me
Com lápis, papel
E tesoura sem ponta
- Garçom, por favor: a conta.

11 abril, 2014

Armadilha



Meu coração
É uma casa
Sem portas
Onde só entra 
Quem sabe usar
As janelas

Conservo as 
venezianas
sem tramelas
Mas cuidado:
Não há
Saída de emergência




03 fevereiro, 2014

Vive la Resistance!




A vida persiste, resiste, insiste!
Não pede passagem, quiçá fica triste!
Cantando a canção, a alma em riste!
A vida que segue! A vida que existe!


08 janeiro, 2014

Pretexto




"E deste modo, insistindo em manter as despedidas em dia, galgando espaço entre as gargantas e os folhetins, tirando o sono de quem já não dorme, como um engasgo, um gole de vácuo, um resto de pele morta esquecida no fundo da banheira, eu que já não tomo café, que já não tomo remédios, não tomo vergonha, sigo a esperar, já não acordo, de acordo, sem cordas, mas sim, tudo pode ser esquecido."

03 janeiro, 2014

O Lugar do Meio



Entre meus pés
E o chão
O mar
Teus pés

Entre teus pés
Meus pés

Entre
E nunca mais saia.